PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).
REFERÊNCIA:
http://www.cavaleirosdaluz18.com.br/trabalhos/A%20Gnose%20e%20a%20Ma%C3%A7onaria.pdf
A Gnose e a Maçonaria
Fonte: Ir.: René Guenon
Pesquisa Ir.: Jaime Balbino de Oliveira
"A Gnose, como dito pelo M:. I:. Ir:. Albert Pike, é a essência e o miolo da maçonaria". Por
Gnose, devemos entender aqui o Conhecimento tradicional que constitui o fundo comum de
todas as iniciações, cujas doutrinas e símbolos se tem transmitido, desde a mais remota
Antigüidade até os nossos dias, através de todas as Fraternidades secretas cuja extensa
cadeia jamais foi interrompida.
Toda doutrina esotérica pode unicamente transmitir-se por meio de uma iniciação e cada
iniciação inclui necessariamente várias fases sucessivas, às quais correspondem outros
tantos graus diferentes. Tais graus e fases podem ser reduzidos, em última instância,
sempre a três; podemos considerar que marcam as três idades do iniciado, ou as três
épocas de sua educação e caracterizá-las respectivamente com estas três palavras: nascer,
crescer, e produzir. A este respeito, O Ir:.Oswald Wirth escreveu: "A iniciação maçônica tem
como objetivo iluminar os homens, afim de ensinar-lhes a trabalhar utilmente, em plena
conformidade com as finalidades mesmas de sua existência. Ora, para iluminar os homens,
em primeiro lugar se faz necessário liberá-los de tudo o que pode impedi-los de ver à Luz.
Isto se consegue submetendo-os a certas purificações, destinadas a eliminar as escórias
heterogêneas, causas da opacidade das estruturas protetoras do núcleo espiritual humano.
Quando as mesmas se tornam cristalinas, sua perfeita transparência deixa penetrar os raios
da Luz exterior, até ao centro consciente do iniciado. Todo o seu ser, então, se satura
progressivamente, até chegar a converter-se num Iluminado, no sentido mais elevado da
palavra, vale dizer de um Adepto, transformado já num foco irradiante de Luz.
"Conseqüentemente, a iniciação maçônica contempla três fases distintas, consagradas
sucessivamente ao descobrimento, à assimilação e à propagação da Luz. Estas fases estão
representadas pelos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre, que correspondem a tripla
missão dos maçons, que consiste em buscar primeiro, para possuir depois e, finalmente,
poder difundir a Luz.
"O número destes graus é fixo: não poderia haver nem mais nem menos que três. A
invenção de diversos sistemas chamados de altos graus levou a confundir os graus
iniciáticos, estritamente limitados a três.
"Os graus iniciáticos correspondem ao triplo programa perseguido pela iniciação maçônica.
Esotericamente, levam à solução das três questões do enigma da Esfinge: De onde viemos?
Quem somos? Para onde vamos?, e com isto respondem a tudo quanto pode interessar ao
homem. São imutáveis em seus caracteres fundamentais e formam em sua trindade um todo
acabado, ao qual nada se pode subtrair nem agregar: os graus de Aprendiz e de
Companheiro são os dois pilares que sustentam o Mestrado.
"Os estados transitórios da iniciação, permitem ao iniciado penetrar com mais ou menos
profundidade no esoterismo de cada grau; dai resulta um número indefinido de maneiras
distintas de se apreender os graus de Aprendiz, de Companheiro e de Mestre. Pode-se
apreendê-los em seu significado exterior, isto é, pode-se entender a a letra e não a
compreensão; na Maçonaria, como em todas partes, há, sob este aspecto, muitos que foram
chamados e poucos eleitos, já que somente aos verdadeiros iniciados lhes é dado a
conhecer o espírito íntimo dos graus iniciáticos. Nem todos chegam, por outra parte, com
igual êxito; pouquíssimos apenas logram superar a ignorância esotérica, sem marchar de
maneira decidida até o Conhecimento integral, até a Gnose perfeita.
"Esta última, representada na Maçonaria pela letra G da Estrela Flamígera, se aplica
simultaneamente ao programa de busca intelectual e do treinamento moral dos três graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre. Com a Aprendizagem, busca-se penetrar no mistério da
origem das coisas; com o Companheirismo, descobre o segredo da natureza do homem, e
revela, com a Maestria, os arcanos do destino futuro dos seres. Ensina, ademais, ao
Aprendiz a potenciar ao máximo suas próprias forças; mostra ao Companheiro como captar as forças do meio ambiente e ensina ao Mestre a reger soberanamente sobre a natureza
obediente ao centro de sua inteligência. Não há que olvidar, de fato, que a iniciação
maçônica se remonta a Grande Arte, a Arte Sacerdotal e Real dos antigos iniciados".
Sem querer entrar na complexa questão das origens históricas da Maçonaria, recordaremos
tão somente que a Maçonaria moderna, tal como a conhecemos atualmente, deriva de uma
fusão parcial dos Rosacruzes, que haviam conservado a doutrina gnóstica desde a idade
média, com as antigas corporações de Maçons Construtores, cujas ferramentas, por demais,
foram empregados como símbolos pelos filósofos herméticos, tal como pode se ver, em
particular, numa figura de Basilio Valentin.
Mas, deixando por um momento de lado o ponto de vista restrito do Gnosticismo, por nossa
parte faremos repetir no feito de que a iniciação maçônica, como toda iniciação, tem como
fim a conquista do Conhecimento integral, que é a Gnose no verdadeiro sentido da palavra.
Podemos dizer que este Conhecimento mesmo o que, falando com propriedade, constitui
realmente o segredo maçônico e por esta razão o dito segredo resulta ser essencialmente
incomunicável.
Para concluir e afim de evitar qualquer mal entendido, agregaremos que, para nós, a
Maçonaria não pode nem deve sujeitar-se a nenhuma opinião filosófica particular, que ela
não é mais espiritualista que materialista, nem tampouco mais deísta que atéia ou panteísta,
no sentido que habitualmente se atribuiu estas diversas denominações, posto que ela deve
ser pura e simplesmente a Maçonaria. Cada um de seus membros, ao entrar no Templo,
deve despojar-se de sua personalidade profana e fazer uma abstração de quanto seja dos
princípios fundamentais da Maçonaria, princípios cujo redor de todos deveriam unir-se para
trabalhar em comum na Grande Obra da Construção universal...
(publicado na revista "Gnose" - março de 1910)
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