sexta-feira, 24 de agosto de 2012

29. Arquitetos do Poder.

PESQUISADO E POSTADO, PELO PROF. FÁBIO MOTTA (ÁRBITRO DE XADREZ).

REFERÊNCIA:
http://mictmr.blogspot.com.br/2005/12/arquitetos-do-poder.html


Por Tsuli Narimatsu
Reportagem publicada no Diário do Comércio em São Paulo.

Numa ação orquestrada, sob o olhar cúmplice de seus pares, age na disputa pela terceira cadeira mais importante do País uma instituição presente nos livros de história, mas ausente do noticiário atual: a Maçonaria. Em suas mãos figuram nada menos que 56 deputados, oito senadores e ao que se sabe (outros podem estar ocultos) dois candidatos à presidência da Câmara: os deputados Michel Temer (PMDB-SP) e Francisco Dornelles (PP-SP).
Juntos, os maçons militam em favor de um projeto de poder: garantir que líderes de fato preparados pela instituição e comprometidos com seus próprios valores e virtudes possam ocupar os mais altos cargos da administração pública e privada. Reunidos em uma sociedade restrita, onde o ingresso de um novo membro depende da indicação de outro, eles se fortalecem e se expandem sob o anonimato.
Força A força desta instituição milenar que em sua lista de expoentes traz Mozart e Voltaire, entre outros foi responsável por colocar no poder pelo menos 13 presidentes da República (o último teria sido Jânio Quadros), inúmeros vice-presidentes e presidentes de Câmara, e poderádeterminar o desfecho de mais um governo no caso o do próprio presidente Lula, que diante da ameaça entrou pessoalmente na articulação da candidatura de Aldo Rebelo (PCdoB-AL).
Os representantes da Maçonaria têm, por juramento, a obrigação de investigar a verdade até as últimas conseqüências (objetivo primordial da ordem), mesmo que isso implique em admitir o erro e cortar 'na própria carne'. "Temos irmãos em postos-chave. Podemos acompanhar tudo o que acontece. Há membros em todas as CPMIs, na Câmara e no Senado... eles estão alertas para que os nossos mandamentos não sejam transgredidos", afirma Durval de Oliveira, Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista .
Expoentes políticos que já sentiram o peso do martelo maçônico foram o ex-vereador de São Paulo Hannah Garib e o ex-governador de São Paulo, Orestes Quércia afastado). Os maçons evitam falar sobre o assunto mas punem com rigor qualquer tipo de transgressão comprovada entre seus pares. Desvios de conduta são investigados internamente e ajuizados por um tribunal especial o que pode acabar em expulsão e total boicote social.
Bastião da ética Guardiã da moral e da independência, a Maçonaria age com desenvoltura no Congresso Nacional e expande seus tentáculos toda vez que a credibilidade dos partidos é colocada em xeque. "Onde está um maçom há uma confiabilidade maior, pela instrução que ele recebe", explica Durval de Oliveira. Toda a estrutura interna da irmandade é constituída para que nenhum tipo de desordem passe despercebido. "Funcionamos como uma escola de líderes em várias etapas. Do zero ao grau 33 são necessários pelo menos 12 anos, formação equivalente a duas faculdades", explica.
Comenta-se, à boca pequena, que estaria em curso dentro da irmandade os primeiros trâmites para levar à julgamento o ministro da Fazenda Antonio Palocci. Há, porém, uma grande controvérsia entre seus pares. Muitos maçons afirmam desconhecer a participação do ministro. Outros defendem que o único vínculo de Palocci com a ordem estaria nos três pontinhos acompanhados em sua assinatura.
Eminência parda Longe dos holofotes, um estado paralelo trabalha à parte, silenciosamente, com seu respectivo Executivo, Legislativo e Judiciário. No Brasil é formado por 180 mil maçons ativos aqueles que têm pelo menos 70% de freqüência nas reuniões. Nesse contingente destacam-se sobretudo políticos, empresários, advogados, líderes religiosos e comunitários sob a égide do Grande Oriente do Brasil, a Grande Loja e o Grande Oriente Paulista. "Não somos quantitativos e sim qualitativos", explica o Grão-Mestre do Grande Oriente Paulista, cargo equivalente ao da presidência desta ordem no Estado de São Paulo.
Do anonimato à ação, contra a corrupção.
Neste mês de setembro, o Grande Oriente do Brasil, instância superior dos Grandes Orientes estaduais, após ampla reunião em Brasília, decidiu conclamar a sociedade brasileira na luta contra a corrupção. "Devemos confiar e cobrar para que tudo se esclareça nas CPMIs, afirmando que, pelos fatos delituosos e a quebra de decoro parlamentar, os culpados sejam exemplar-mente punidos". O Grande Oriente Paulista foi além: "Conclamamos o povo brasileiro a exigir, dos seus representantes, que não se envolvam em manipulações, negociações e conchavos cujo objetivo é, quase sempre, de preservação pessoal em detrimento do povo e do país. Que os verdadeiros responsáveis sejam execrados". (TN)


'Bancada' de peso
maçonaria sempre atuou nos bastidores da vida pública. Se não fosse apartidária, sua bancada teria a 4ª maior representatividade na Câmara (56), atrás apenas do PT, PMDB e PFL e seria a 5ª no Senado (8). Mas o que justamente lhe confere força ésua capilaridade, que se estende nas mais diversas esferas do poder municipal, estadual e federal.
À frente até mesmo dos programas partidários, se interpõem no cotidiano de um político maçom o compromisso com a investigação da verdade, o exame da moral e a prática das virtudes. Tarefa que o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) vem executando com maestria na CPMI dos Correios, apoiado direta ou indiretamente por 'irmãos' senadores como Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), Tião Vianna (PT-AC) e Valdir Raupp (PMDB-RO).
Voto alinhado Recentemente, os deputados maçons votaram em bloco pela cassação de Roberto Jefferson por compromisso com a ética exigida nas regras do decoro, num dos raros momentos em que alinharam o voto.
Ao contrário da bancada evangélica maior em número de deputados (59) mas menor em senadores (4) a maçônica não se une em torno de projetos mas sim de valores compartilhados. Mas apóiam governos considerados 'fortes e progressistas' principalmente quando ostentam irmãos em seu comando a exemplo dos ex-governadores Mário Covas (PSDB-SP), Espiridião Amin (PPB-SC) e Newton Cardoso (PMDB-MG). (TN)

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